Quando eles importaram containers de livros dos EUA com toda a sorte de heresias, ou teologia fundamentalista que não se sustentava nos trópicos, quando isto aconteceu, eu me omiti, comprei e li com avidez estes livros, inclusive dei muitos de presente. A culpa é minha.
Quando de novo os deputados da bancada evangélica se apropriaram de ambulâncias compradas com dinheiro publico se fazendo participantes da máfia dos sangue-sugas eu me omiti, e ainda reelegi alguns deles, a culpa é minha.
Quando o teto da igreja deles caiu matando gente inocente, e deixando tetraplégico outros sem nenhuma assistência, eu me calei, não quis saber onde andam estes, fingi que nada tinha acontecido, a culpa é minha.
Quando eles tentaram entrar nos EUA com dinheiro e foram presos eu acreditei que era perseguição, me omiti, esqueci rapidamente de tudo o que aconteceu. A culpa é minha.
A culpa é minha, sempre é minha, sempre que eu troco a proposta do evangelho por uma promessa de projeção. Sempre que eu aplaudo o império que eles constroem às custas do trabalho “voluntário/escravo” de pessoas frágeis e manipuladas, e ainda chamo isto de sucesso ministerial, sempre que ajo assim, eu me faço culpado. A culpa é minha.
Eu nunca digo não para as marchas deles, nunca digo não para os eventos deles, eu compartilho o meu stand nas feiras com eles. A culpa é minha, eu me associo a eles, sou consumidor do que eles produzem. A culpa é minha.
Até tem algum pastor que procura me avisar, um blogueiro que chama a minha atenção, algum escritor que tenta me vacinar, mas não adianta, eu ignoro, e continuo fingindo que é assim mesmo, e que não tem o que fazer, acredito que se eu quiser continuar no mercado fonográfico eu devo negligenciar isto tudo que eu já sei. A culpa é minha.
Eu procuro um lugar entre eles para poder demonstrar meus “dons”, um espaço para fazer meu network sem perguntar se a proposta deles é ética, é responsável, é bíblica, enfim, a culpa definitivamente é minha.
E depois eu me indigno com o “movimento evangélico” e aponto suas incoerências, suas mazelas, mas o que eu não me apercebo, é que essa anomalia, que eu defendo como algo de Deus, só existe, única e exclusivamente por culpa minha, somente minha culpa.
Logo a culpa é somente minha, de mais ninguém.
Que AQUELE que levou todas as minha culpas, inclusive as que eu contraí após a minha conversão me livre deste pecado, e me torne comprometido somente com ELE, o mesmo que quando esteve conosco promoveu o movimento do evangelho, não dependendo de nenhum movimento que se apresente como evangélico!!"